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Travessias 2013 – Os Sustos da Arte

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Um olhar desavisado poderia achar que é só uma exposição de arte contemporânea, mas se tem uma coisa que um olhar não pode ser é desavisado. Os dez artistas reunidos à beira da Avenida Brasil para o Travessias 2013 querem muito mais do que expor trabalhos. O objetivo deles é fazer história, mudar o contexto do Rio de Janeiro. Em outras palavras, fazer o olhar dos cariocas ficar diferente: mais atento, mais esperto e mais integrado.

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A Nova Arte do Encontro

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Contam os livros de História que o chiado do jeito de falar dos habitantes do Rio começou por exibicionismo. A família Real vinha para se instalar no Brasil, fugindo da expansão napoleônica, em 1808. Aqui, já se falava com um sotaque diferente ao de Portugal, mas para se mostrar mais sofisticado, o carioca aproximou a língua do que entendia ser a forma chiada de falar de Lisboa, sede da Côrte. Era uma forma de acesso, um improviso para bem receber e se aproximar driblando hierarquias.
Mais de duzentos anos depois, o desejo de aproximação e de acesso ainda depende de muito improviso. Mas chiar, agora no sentido de reclamar, não adianta muito. É hora de novas estratégias de mobilidade: encontros que gerem transformação. A cidade das obras e dos grandes projetos (de segurança, de trânsito, de eventos públicos) muda a olhos vistos, mas há outra alteração pedindo pra acontecer. A das pessoas que fazem e pensam o Rio: nós. O Travessias 2013 é mais que uma exposição na favela, portanto. É um projeto de transformação de como olhamos para nós mesmos, para as favelas e para a cidade. Expor para reunir. Convidar para conviver. Olhar de outra forma para participar.

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Aos Novos Cariocas

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O garotinho se encantou com aquele troço de ferro grandão onde dava para brincar e se balançar. Descobriu que o autor da escultura cinética exposta perto da casa dele era um xará, o artista plástico Raul Mourão, e não teve dúvida: chamou os vizinhos e os colegas da escola para curtir também. E contou a todo mundo que aquele Raul ao lado da palavra ‘autor’, na plaquinha, era ele.

Outro moleque da mesma idade, uns dez anos, se enturmou com uns caras mais velhos e pegou uma pilha de DVDs Piratão para vender por dois reais a quem passasse. Ao entrar de brincadeira na instalação do coletivo Filé de Peixe, a criança da favela também estava inserindo obras exclusivas de videoarte na dinâmica informal dos camelôs.

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Vem aí o Travessias 2013

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O Travessias chega à sua segunda edição trazendo novamente alguns dos mais relevantes nomes da arte contemporânea para uma exposição coletiva única. De 13 de abril a 26 de junho, o Galpão Bela, na Favela da Maré, recebe cariocas de todos os bairros, artistas de todo o país, sentidos de todas as partes.

Para este ano, novas dimensões se somam ao projeto. As mais importantes delas são os encontros com personalidades da cultura brasileira para debates em cinco sábados. Expandir o acesso a informações diferentes, histórias e pensamentos sobre outros aspectos além das artes visuais e que se somam ao conceito do Travessias. Ocupar a cidade com novos signos, sentidos, percepções. Estimular um olhar novo, além dos estigmas estabelecidos nas últimas décadas. Outra dimensão é a educativa, que aumentará o diálogo dos artistas com públicos jovens, em formação.

Outra novidade é a dimensão digital da nossa comunicação. O Travessias aumenta a geração de conteúdo sobre o evento e sobre o pensamento que norteia sua realização. Ao longo dos próximos meses, uma série de vídeos, textos, entrevistas, fotografias e referências serão compartilhadas neste espaço e em todas as redes sociais em que estamos. Vale a pena acompanhar!