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Foto: Davi Marcos

Encontros no Travessias | Uma cidade em movimento

 

O diálogo entre as pessoas de diferentes partes da cidade marcou o primeiro encontro do Travessias 2. O artista plástico Ernesto Neto, Marcus Vinícius Faustini – um dos responsáveis pela Agência Redes para Juventude – e o jornalista Caco Barcellos se encontraram para uma conversa no Galpão Bela Maré. Foi o primeiro evento deste tipo, que ainda acontecerá mais quatro vezes até o fim do Travessias. Um dos principais focos na conversa foram as ações de integração da cidade que antes carregava o estigma de partida e, agora, parecem começar a mudar.

“Para quem vive nas áreas mais afastadas da cidade e para as pessoas que moram nas comunidades, não tem nada partido. Elas vão e voltam para trabalhar, frequentam as áreas mais ricas e mais pobres e se tornam mais informadas por isso”, defende Caco Barcellos.

Ernesto Neto abriu o encontro compartilhando sua história na arte, principalmente, o processo de experimentação que o levou a criar a obra exposta no Travessias – o tambor com pêndulos que produzem som a medida que o público interage. “Me contaram que a criançada quebrou as bolas no primeiro dia da exposição, eu acho ótimo. Também sou um pouco criança e quis testar os limites daquela obra”, brinca Ernesto. Em diversos momentos da conversa, o artista fez referência à criatividade das pessoas que moram nas favelas, da qual ele mesmo se inspira. “A maneira de construir nas favelas é uma ideia constante. Todo mundo constrói o tempo todo e isso é muito importante para a arte”.

O diretor teatral Marcus Vinícius Faustini apresentou o trabalho da OSCIP Agência Redes para a Juventude, relembrando todo o caminho que ele próprio teve que percorrer até entender a importância da circulação de pessoas e ideias pela cidade. “Minha família me encorajou a andar pelo Rio e isso me despertou um desejo enorme de cultura. Todos têm potência para inventar soluções criativas, só estavam fora da ‘máquina’ criativa. O teatro me deu possibilidade da participação, mas sou da época da ‘intrusão’ social”, conta Faustini.

O fundador do Observatório de Favelas, Jaílson de Souza e Silva, mediou a entrevista com Caco Barcellos. O jornalista contou histórias de bastidores de dois de seus principais livros, Rota 66 e Abusado, ambos sobre segurança pública, tráfico de drogas e ação violenta do Estado.  Caco parabenizou a iniciativa do Travessias como ferramenta de integração entre os moradores da favela e áreas mais nobres da cidade.

“Quando vejo artistas chegando à comunidade, eu fico encantado. É isso que a gente precisa. Acho que um dia não será necessário você vir aqui, as coisas estarão integradas, mas como isso não aconteceu ainda, acho que é importante todos os segmentos que, de alguma maneira, têm até medo de freqüentar as comunidades, percam esse medo e tomem a iniciativa que estão tomando aqui”, elogia Caco.

O próximo encontro promovido pelo Travessias será este sábado, 11 de maio, a partir das 16hs. Estarão no Galpão Bela Maré, o artista plástico Carlos Vergara – um dos maiores nomes da arte brasileira e com obras expostas no Travessias 2013 – , Fernanda Abreu, Mv Bill e o economista Ricardo Henriques.