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Encontros no Travessias | A Travessia não acaba

O movimento popular de ocupação das ruas que marcou o Brasil nas últimas duas semanas não poderia deixar de ser lembrado no quinto e último encontro do Travessias 2. A exposição nasceu da vontade e necessidade de romper desigualdades e transformar os signos do Rio de Janeiro. Luiza Mello, coordenadora de produção, Luísa Duarte, curadora do Travessias 1, Felipe Scovino, curador da segunda edição, o artista Arjan Martins e Jailson de Souza, do Observatório de Favelas, se reuniram para celebrar o sucesso do projeto e o momento de transformações que o Brasil vive.

“A gente está falando que é possível através da arte produzir novos deslocamentos que rompem esse paradigma. Esse espaço (Galpão Bela Maré) é a representação que as manifestações pedem, é a celebração da possibilidade de encontro dos seres humanos. É o encontro da democracia”, disse Jaílson.

A força de expressões que renascem, como as manifestações, fez Arjan Martins lembrar de sua história. Durante os anos 90, o artista fazia a travessia de Santa Teresa ao Jardim Botânico carregando um rolo de papel de 1,70m no ônibus da linha 409. Fazia o trajeto em pé, se desculpando com os outros passageiros pelo transtorno que causava. O destino era a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, o curso livre permitia que Arjan acreditasse na pintura, que para muitos era uma expressão quase morta.

Carlos Vergara pediu licença a Arjan para dar um ‘pitaco’ no depoimento:

- A pintura não morreu, vem morrendo há seiscentos anos. O que existe na verdade é a boa pintura ou a má pintura. Sua ideia de trabalhar a tela como uma parede mostra que a pintura tem uma força. Essa coisa da morte da pintura é uma bobagem gigantesca. Na tua pintura, a arte está renascendo a todo o momento.

Nessa maré de transformações e renascimento, o Travessias 2 se despede do público com muitas respostas e outras novos questionamentos. Como fazer com que mais pessoas atravessem a cidade? Como as novas ideias podem circular com as pessoas? Jaílson concluiu nas palavras “Queremos construir uma cidade que se encontra na diferença. Igualdade territorial. Quando a gente cria esse espaço da Maré, é possível romper os signos da desigualdade e pensar toda essa proposta com amor, esse é nosso objetivo”.