Misto de ansiedade e apreensão. Daria tudo certo? Como seria o primeiro dia do Travessias? A galera ia topar atravessar a cidade? A rapaziada da favela ia comprar o barulho? Muitas perguntas feitas por muitos corações que durante meses se envolveram para levantar a segunda edição do Travessias.
O garotinho se encantou com aquele troço de ferro grandão onde dava para brincar e se balançar. Descobriu que o autor da escultura cinética exposta perto da casa dele era um xará, o artista plástico Raul Mourão, e não teve dúvida: chamou os vizinhos e os colegas da escola para curtir também. E contou a todo mundo que aquele Raul ao lado da palavra ‘autor’, na plaquinha, era ele.
Outro moleque da mesma idade, uns dez anos, se enturmou com uns caras mais velhos e pegou uma pilha de DVDs Piratão para vender por dois reais a quem passasse. Ao entrar de brincadeira na instalação do coletivo Filé de Peixe, a criança da favela também estava inserindo obras exclusivas de videoarte na dinâmica informal dos camelôs.