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Gaston

Visita tátil | Aquilo que não se vê

Os olhos que veem o Rio de Janeiro se perdem nas paisagens deslumbrantes e únicas. Os elementos visuais constroem a cidade de uma forma tão complexa e encantadora que se torna muito difícil colocar em palavras aquilo que se vê. Como então traduzir a multiplicidade de um complexo de favelas para um turista? E se esse turista não puder enxergar?

O núcleo educativo do Travessias tem desenvolvido oficinas de arquitetura e entre os projetos está a maquete em madeira do Complexo da Maré. O que era apenas um exercício de construção artesanal virou uma ferramenta muito eficaz para ajudar pessoas cegas a entenderem a dimensão e a complexidade da Maré através do toque das mãos.

No último domingo, dia 19 de maio, um grupo de argentinos com deficiência visual visitou a exposição. Era a primeira vez que a maioria dos hermanos estava no Brasil e a primeira vez que o Travessias recebeu uma visita de pessoas com deficiência visual. Mesmo como uma experiência muito intuitiva e adaptada, o encontro teve resultados surpreendentes.

“Pelo que eles se interessariam? Não ponho ponto de partida, temos que ouvir o que o grupo tem a dizer”, questionou a coordenadora do Educativo Janis Clemen. A resposta surgiu rapidamente. Assim que Janis propôs o circuito entre as obras, a turma começou a interagir e participar do Travessias através dos sons, texturas e formatos.

Um dos visitantes chamou a atenção especial da arte-educadora. O jovem Charli Garcia, que tem baixa visão, se encantou com um dos quadros de Vik Muniz e se destacou do grupo. Charli não conseguiu explicar imediatamente o que havia acontecido. Há três anos, não enxergava em profundidade e naquele momento havia percebido por conta própria o trabalho de colagem. “É incrível, muito lindo, muito lindo” era tudo que conseguia dizer muito emocionado e animado.

As visitas guiadas para grupos são gratuitas e o agendamento está aberto para escolas, ONGs e todos os interessados. Basta preencher o formulário na seção Educativo.